Com Antonino Eduardo, gerente médico
Uma pesquisa do Google mostrou que 26% dos brasileiros recorrem à internet para buscar diagnósticos de possíveis doenças antes mesmo de procurar um especialista. O levantamento revela que o Brasil está entre os países com maior índice de crescimento no uso da internet para essa finalidade. Enquanto isso, 35% buscam como primeira fonte um consultório médico convencional (35%).
A procura por respostas para questões de saúde na internet pode ter como causa a falta de diálogo entre pacientes e profissionais de saúde. Para o coordenador médico do Hospital Badim, Antonino Eduardo, o especialista deve assumir o papel de educador, ouvindo e orientando o paciente quanto aos fatores relacionados ao seu problema. “O paciente precisa entender que as informações obtidas na internet não são seguras e podem ter consequências. Por isso, é preciso estabelecer uma relação de confiança com o paciente”.
A situação se tornou tão comum que já foi designado um termo para definir esse comportamento: os cibercondríacos. O fenômeno define os internautas obsessivos por consultas online e que, na maioria das vezes, sofrem com ansiedade por acreditar ser portador de uma doença grave.
Antonino explica que a consulta médica obedece a uma etapa – anamnese, exames clínicos e complementares. Somente após esses procedimentos é estabelecida a hipótese diagnóstica. “Alguns sintomas são comuns a várias doenças e somente seguindo esses critérios conseguimos diferenciar as patologias e chegar a um diagnóstico seguro. E, nesse sentido, o Google não apresenta qualidade de conteúdo, até porque qualquer pessoa fora da área médica pode acrescentar na plataforma temas médicos, inclusive as fake news“, alerta.
O maior perigo, na opinião de Antonino, está na busca por tratamentos, incluindo os alternativos, como chás e remédios caseiros. “Os chás para emagrecer, por exemplo, possuem concentrações de diuréticos e que muitas pessoas não podem fazer uso, correndo o risco de evoluir para uma insuficiência renal, câimbras, depressão e outras complicações que podem levar à morte. Na pressa de resolver um problema de saúde, a pessoa pode tomar decisões que pode se arrepender no futuro”, destaca o médico.