Com Alexandre Scotti, coordenador da Unidade Cardiointensiva
Você acha que o infarto é uma doença que só afeta pessoas acima dos 40 anos? Apesar de ser mais comum a partir dessa faixa etária, o infarto também acomete jovens e, quando isso acontece, tem mais chances de ser fatal. A explicação está no próprio coração, que, quando é mais jovem, ainda não desenvolveu uma proteção chamada circulação colateral, mais comum em pessoas mais velhas.
A circulação colateral consiste em pequenos vasos sanguíneos que se formam no coração para compensar a falta de irrigação causada por uma artéria entupida. Esse processo de entupimento pode durar anos e, durante este período, o organismo começa a encontrar outras maneiras de fazer o sangue passar e chegar ao coração, desenvolvendo esses pequenos vasos. Com as estimativas de que 50% das vítimas morrem na primeira hora após o infarto, esta proteção extra pode ser muito valiosa.
“Quando a vítima do infarto é mais velha, o organismo se vale dessa circulação colateral e consegue, muitas vezes, ganhar tempo até a pessoa ser socorrida. Como os jovens não costumam ter essa proteção, o infarto pode ser mais fulminante e as chances de mortalidade maiores”, explica o coordenador da Unidade Cardiointensiva do Hospital Badim, Alexandre Scotti.
Fatores de risco
Além de não contarem com a proteção gerada pela circulação colateral, os mais jovens também vêm registrando um aumento na adoção de maus hábitos como tabagismo, má alimentação, ingestão exagerada e frequente de bebidas alcoólicas, sedentarismo, e de problemas de saúde como colesterol elevado, diabetes e hipertensão. Isso aumenta significativamente as chances do entupimento das artérias e do risco de infarto.
O histórico familiar também é outro fator agravante. Filhos, netos ou sobrinhos de pessoas que tiveram um infarto antes dos 55 anos são vítimas potenciais de uma aterosclerose precoce e podem sofrer um infarto ou uma parada cardíaca antes dos 40 anos, principalmente se apresentarem outros fatores de risco.
“Para essas pessoas é recomendado atenção especial à saúde e um acompanhamento cardiológico a partir dos 20 anos”, frisa Scotti.