Por Marcelo Dibo, diretor Executivo
A pandemia do novo coronavírus tem nos mostrado muitos lados sombrios e um deles é o imenso impacto psicológico que a doença traz para grande parte dos pacientes e seus familiares. O medo da morte, o sofrimento causado pela solidão por conta do distanciamento obrigatório e a ansiedade que vêm a reboque podem fazer com que o tratamento hospitalar seja ainda mais difícil. Mas há maneiras de amenizar o desconforto.
Por melhor que seja a infraestrutura de um hospital, o processo de internação é sempre doloroso. Agora, some-se a isso a impossibilidade de poder contar com a presença de acompanhantes e visitas, situação absolutamente necessária no momento, mas que pode agravar o estado de saúde geral dos pacientes. O sofrimento se estende às famílias, que, muitas vezes, se sentem ansiosas e angustiadas com a falta de notícias.
No Hospital Badim, montamos uma equipe formada por médicos que, diariamente, fazem contato por telefone com cada uma das famílias para passar o boletim médico, oferecendo informações sobre a evolução do paciente e sanando possíveis dúvidas. Percebemos que essa iniciativa simples tem um impacto enorme, tranquilizando e confortando a todos.
A tecnologia também tem ajudado. Quando são transferidos da UTI para o quarto, organizamos videochamadas entre paciente e familiares para que possam estreitar o contato e matar um pouco a saudade. Invariavelmente são momentos de muito amor e emoção. Um sopro de esperança por dias melhores que, na maioria das vezes, felizmente chegam.
A equipe de Psicologia tem exercido, mais do que nunca, um importante papel. Focar no cuidado ao ser humano de forma integral e não apenas na doença é o que, em minha opinião, deve ser buscado. Entre várias ações, estamos estimulando que cada paciente escreva mensagens que, posteriormente, são lidas pela nossa psicóloga para outro paciente. Acreditamos que, dessa maneira, conseguimos envolvê-los, ampliando as chances de uma evolução melhor do tratamento.
Dentre tantas lições que a pandemia está nos mostrando, uma delas é, sem dúvida, que as pessoas precisam estar de alguma forma ligadas aos seus entes queridos. Ratificando: essa conexão tem impactos muito positivos na nossa saúde. Como disse João Gilberto há 43 anos, “é impossível ser feliz sozinho”.
**Informe publicitário publicado no Globo Tijuca