Com Helena Camarinha – Psicóloga

A segunda fase da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizada pelo Ministério da Saúde no primeiro semestre desse ano, aponta que entre as principais queixas dos brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus estão alterações no sono e na alimentação. De acordo com o levantamento, cerca de 41,7% dos dois mil entrevistados relatou dificuldades para dormir ou está dormindo mais do que o de costume. A falta ou aumento do apetite foi apontada por 38,7% dos participantes. Além desses distúrbios, a Vigitel mostra mudanças na saúde mental, com 35,3% dos participantes afirmando não sentirem interesse em executar as atividades rotineiras, 32,6% se dizem deprimidos e 30,7% relatam falta de energia.

A Vigitel é uma pesquisa telefônica realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, sobre temas relacionados à saúde. Em 2020, as perguntas tiveram como foco os reflexos da pandemia na vida da população. Especialista em saúde mental do Hospital Badim, a psicóloga Helena Camarinha enfatiza que as mudanças na rotina resultam em uma diversidade de sintomas físicos e psicológicos, entre eles o ciclo sono-vigília e a alimentação. “Esses fatores afetam o equilíbrio físico, social e emocional do indivíduo, levando a um ciclo vicioso que pode acarretar em doenças agudas ou crônicas”, explica Camarinha.

A especialista acrescenta que não ocorreram apenas mudanças no cotidiano da população, mas as pessoas também se sentiram ameaçadas pela possibilidade de contaminação com o novo coronavírus. “Por isso, é fundamental implementar medidas preventivas para evitar o surgimento ou o agravamento de quadros e sintomas patológicos, seja no aspecto físico ou emocional. É preciso delinear uma nova rotina viável e adaptada às condições atuais. E também, introduzir instrumentos mediadores para estimular os nossos sentidos, percepção e motivação, como, por exemplo, a música, a arte e a meditação”, avalia a psicóloga do Hospital Badim. Helena Camarinha pondera ainda que as interações humanas seguem indispensáveis, mas devem ser mediadas pelas tecnologias, enquanto durar a pandemia.