Com Bruno Zawadzki, coordenador da Emergência
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo e frequente na rotina do setor de emergência. A doença compõe o grupo de ocorrências cerebrovasculares, junto com o infarto e enfermidades do coração. Principal gerador de morbidades, o AVC pode deixar sequelas incapacitantes, se não tratado de forma ágil e num curto período de tempo. A doença é mais comum na faixa de idade produtiva e, por isso, pode provocar também impacto econômico na sociedade.
O coordenador da Emergência, o médico Bruno Zawadzki, destaca que o hospital precisa estar preparado para receber os casos de AVC, já que o tempo é um fator importantíssimo para o paciente ficar livre de sequelas. A infraestrutura hospitalar e adoção de protocolos referenciados são outros aspectos fundamentais: “Um hospital bem equipado para um diagnóstico mais rápido e preciso juntamente com uma equipe multidisciplinar bem treinada e que segue rígidos protocolos clínicos fazem a diferença para a condição de saúde do paciente no momento do ocorrido e futuramente”, alerta Zawadzki, que é clínico geral e nefrologista.
Ele recorda que, no início da pandemia do novo coronavírus, a sociedade médica orientou a evitar as emergências, mas com o passar do tempo e conhecimento da Covid-19, ficou evidente que esse procedimento não era o mais recomendável para alguns sintomas e doenças. “Nós, médicos da linha de frente, entendemos a necessidade de procurar o setor para diagnóstico das outras patologias que continuam a ocorrer, como o AVC, cuja busca tardia por uma emergência pode implicar em complicações para o paciente e redução do arsenal terapêutico limitado para os profissionais da saúde”, diz o especialista.
Tanto que o número de relatos de morte súbita em domicílio tendo como causa o infarto agudo do miocárdio aumentou de forma preocupante durante a pandemia, assim como o volume de doentes que chegavam nas emergências com sintomas avançado. “Começamos a alertar dos impactos negativos que a procura tardia podia causar nos tratamentos da doença e fizemos o nosso ‘dever de casa’, organizando o hospital por meio de uma rota segura de fluxo, para receber esses pacientes que não estavam com suspeita de Covid-19. Isso deu segurança aos pacientes e eles voltaram a procurar a emergência. Observamos que nos últimos meses, as pessoas entenderam esse contexto e a curva de atendimento voltou a crescer”, diz o especialista.
Tipos de AVC
Há dois tipos de AVC: isquêmico e hemorrágico. Zawadzki explica que nos dois tipos, é importante reconhecer os sintomas. Saiba mais sobre cada tipo de AVC.
Isquêmico – obstrução de um vaso cerebral que impede o fluxo de sangue. Geralmente é causado por um trombo, que pode se formar diretamente no local atingido ou em outra área, se soltando e causando a obstrução do vaso sanguíneo mais a frente; o trombo se solta e sobe para o cérebro. Se não tratado, a área isquêmica necrosa e se torna irrecuperável. É o tipo mais comum.
Esse tipo de AVC apresenta quadro agudo, tendo como sintomas mais comuns: a perda da força de um dos lados do corpo, podendo ser de um membro, formigamento, dificuldade da fala e acometimento da face, quando a boca ou o olho apresenta modificações.
“De uma forma geral, no caso de isquemia, temos até 4h30 para fazer o medicamento específico para desobstruir o vaso (trombolítico). O primeiro passo do atendimento segue um protocolo da Sociedade Americana de Cardiologia, que incluiu reconhecer os sintomas do AVC, determinando os casos mais graves e suas prioridades. É necessário fazer uma tomografia de crânio dentro dessa janela de atendimento. Os especialistas envolvidos atendem de forma concomitante para identificar rapidamente o tipo de AVC e o tratamento recomendado”, diz o coordenador da emergência do Badim.
Hemorrágico – quando rompe um vaso e pode haver sangramento, tem mortalidade maior, mas depende de fatores como idade do paciente e a área afetada.
Fatores de risco
Os fatores de risco clássicos são: tabagismo, uso de álcool, hipertensão, diabetes, obesidade, alteração do colesterol, arritmia cardíacas, sedentarismo.
Prevenção
Controlar os fatores de risco, ter uma vida equilibrada, conciliar o estresse do trabalho com atividades físicas e evitar fumar.
“Uma dica é a sigla S.A.M.U. Peça para a pessoa te dar um Sorriso e observe se a boca está torta; te dar um Abraço e verifique se ela perdeu a força no braço; peça para ela cantar uma Música e veja se ela esquece ou troca a letra. Se perceber esses sintomas, procure urgentemente uma emergência”, indica Bruno Zawadzki.
Sequelas
As sequelas mais comuns são perda da força dos membros de um lado do corpo, alterações da memória e da fala. O tratamento, nesses casos, deve ser a reabilitação fisioterápica.
Quando não há atendimento dentro da janela de tempo ideal, o tratamento por intervenção endovascular, através da hemodinâmica pode ser um bom recurso para evitar danos ao organismo. Uma pequena prótese, conhecida como stent, é colocada no vaso afetado para melhorar o fluxo sanguíneo, permitindo que o coração volte a receber oxigênio reduzindo, assim, o risco de eventos cardíacos.