Com Rodriguo Rodrigues, gastroenterologista

 

Elas já estão batendo na porta: as festas natalinas e de reveillón. No ano marcado pela pandemia do novo coronavírus, as famílias devem tomar cuidado para não romper o ciclo da ceia saudável, evitando, dessa forma, o agravamento de problemas de saúde. Quem tem pedras na vesícula, por exemplo, deve ficar atento à importância da alimentação equilibrada, mesmo nos períodos festivos. A doença tem relação direta com os hábitos nutricionais e o famoso ‘pé na jaca’, para esse grupo de pacientes, pode resultar em consequências graves.

As pedras na vesícula, também conhecidas como cálculos biliares, na maioria das vezes, são formadas pelo acúmulo de colesterol dentro do órgão. O fenômeno acontece porque o fígado excreta o excesso de colesterol na forma de ácidos biliares. “Podemos dizer que a formação dessas pedras tem a ver com a alimentação inadequada, rica em carne animal e gorduras”, destaca o gastroenterologista do Hospital Badim, Rodriguo Rodrigues.

O especialista esclarece que o principal alerta para a formação de pedra na vesícula é a ocorrência de dores abdominais semelhantes à cólica, podendo estar associada a náuseas e diarreia. Esse quadro clínico se apresenta a partir de crises induzidas por uma alimentação rica em gorduras ou em grande quantidade. As alterações provocadas pelos cálculos biliares no organismo podem desaparecer espontaneamente, com a adoção de uma dieta correta e uso de medicamentos.

No entanto, há casos em que as crises podem tornar-se frequentes e ainda evoluir para quadros com complicações. Rodrigues cita o exemplo de quando o cálculo sai da vesícula e acessa o canal colédoco, provocando uma doença chamada de coledocolitíase, que, por sua vez, pode caminhar para uma obstrução do fluxo da bile e gerar uma pancreatite, considerada uma doença grave e que pode ser fatal.

Segundo Rodrigues, o fator hereditário também é preponderante para a formação desse tipo de cálculo. “Pessoas que possuem familiares com histórico de pedras na vesícula, devem ficar mais atentas, porque esse ponto é muito importante. Esse grupo deve ser monitorado com exames periódicos de imagem, como o ultrassom”, enfatiza. Entre os agentes desencadeadores da doença, o médico cita a obesidade, a perda rápida de peso e uso de anticoncepcionais, além de ser mais comum entre as mulheres. O tratamento para evitar as crises causadas pelas pedras na vesícula é dietético, mas a forma definitiva de curar a doença é por meio de cirurgia, com a retirada do órgão.