Com Alexandre Scotti, coordenador da Unidade Cardiointensiva 

 

A hipertensão arterial atinge cerca de 35% da população brasileira e é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Mas o que muita gente não sabe é que com a adoção de um estilo de vida saudável, é possível não apenas prevenir o aumento da pressão, como também controlá-lo. “O tratamento da hipertensão exige uma abordagem multidisciplinar. Além do acompanhamento de um cardiologista, é preciso consultar um nutricionista ou nutrólogo, para orientar a respeito de uma alimentação balanceada; um profissional de educação física, que possa indicar a atividade física mais adequada a cada pessoa e, em alguns casos, ajuda psicológica”, aponta o cardiologista Alexandre Scotti, coordenador da Unidade Cardiointensiva do Hospital Badim.

Divulgada recentemente, a nova diretriz brasileira de hipertensão arterial coloca a adoção de hábitos saudáveis, em particular da alimentação balanceada, como protagonista no esforço de prevenção e controle da pressão. “A verdade é que no dia a dia, de uma forma geral, nos alimentamos mal. Minha dica é uma alimentação baseada na sigla VFF: verduras, fibras e frutas, sem deixar de lado a proteína, claro, que deve ser uma carne magra ou peixe”, orienta o médico.

As novas diretrizes apontam que quando a pressão arterial apresenta valores maiores ou iguais a 140 x 90, o paciente é considerado hipertenso. “O ideal é abaixo de 120 x 80 e os registros entre esses valores são os chamados pré-hipertensos. Para eles, a adoção de hábitos saudáveis é capaz de reverter a alta da pressão. Quando um paciente passa a adotar uma alimentação equilibrada, com baixa ingesta de gorduras e sal, e a praticar exercícios e deixa de fumar e consumir bebidas alcoólicas, ele consegue perder peso e isso tem um grande impacto sobre sua saúde, reduzindo a pressão arterial”, ressalta o especialista.

A hipertensão é uma doença silenciosa e muitas pessoas sequer sabem do risco que estão correndo. “Em pacientes com histórico familiar de doenças cardiovasculares, é preciso iniciar o acompanhamento com o médico cardiologista a partir dos 30 anos. Para aqueles sem história na família, o ideal é acompanhar a pressão arterial regularmente a partir dos 40 anos”, alerta Scotti. Para o correto diagnóstico, ele indica a realização de um mapa caseiro, que pode ser feito por um dispositivo que mede a pressão arterial do paciente ao longo do dia e depois avalia a variação. “Outra opção é o paciente aferir a pressão em casa, duas vezes ao dia. Dessa forma, ele se envolve mais em seu próprio tratamento”, afirma.

Scotti frisa que o controle da variação da pressão é importante porque cerca de 25% dos pacientes sofrem da ‘hipertensão do jaleco branco’, ou seja, apresentam alta da pressão arterial quando estão no consultório médico. “O documento que destaca as novas diretrizes da hipertensão reforça que para um resultado mais fidedigno, o médico deve aferir a pressão três vezes no consultório, ao longo da consulta, e a primeira medição deve ser descartada”, explica.