Com Guilherme Cotta, cirurgião geral

O sucesso da cirurgia bariátrica está intrinsecamente relacionado às mudanças de hábitos, especialmente o tabagismo, que aumenta o risco de complicação no pós-operatório. O alerta já foi dado em diversos estudos e por especialistas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, que recomendam aos pacientes fumantes que deixem essa prática por um período de 60 dias antes da operação.

“O tabagismo, além de alterar a função respiratória, tem ação direta na cicatrização, pois o aporte de oxigênio nas feridas fica deficitário, podendo causar fístulas e o comprometimento das suturas”, destaca o cirurgião geral e bariátrico do Hospital Badim, Guilherme Cotta.

O especialista considera que a medida mais segura para esse grupo de paciente é parar de fumar, definitivamente. No entanto, se essa decisão for muito complicada para o indivíduo com cirurgia prevista, ele deve, pelo menos, acatar um prazo mínimo de abstinência de 10 a 15 dias antes do procedimento. “O cigarro é fator de risco por conta da função pulmonar. Além das complicações que o tabagismo causa no pós-cirúrgico, como as úlceras nas bordas cirúrgicas, a nicotina presente no cigarro dificulta a cicatrização da pele, podendo levar às infecções. Ainda temos que considerar outros problemas que podem ocorrer nesse processo, como a gastrite”, esclarece o cirurgião.

Cotta ainda enumera outros distúrbios prováveis em um pós-operatório de uma pessoa fumante: as crises de tosse que podem interferir na cicatrização, complicações cardiopulmonares, falha de ossificação, além do comprometimento da saturação do oxigênio no sangue. Todos esses sintomas, segundo o médico, podem prolongar o tempo de internação do paciente.