Compartilhamos a história do agente de segurança pessoal Wellington Fernandes, que contraiu o novo coronavírus no começo da pandemia. Essa vivência, em um momento em que ainda se sabia pouco sobre a doença e sua evolução, deu lugar a uma nova forma de encarar a vida após a cura. Wellington é a prova de que toda experiência tem o poder de transformar. Leia seu relato!

“Depois do que passei com a Covid, percebi que, muitas vezes, acabamos levando as coisas no piloto automático e adiando os nossos planos. Hoje, tenho ainda mais vontade de viver intensamente, de parar de programar pra daqui a 5, 6 anos as coisas que quero fazer. Aprendi que a vida é um piscar de olhos, minha família podia ter acabado por causa dessa doença. Não tem como sair igual dessa experiência.

Foi em abril que comecei a sentir alguns sintomas que me indicavam que estava com Covid. Naquela época, o protocolo era ficar em casa se os sinais não fossem graves. Mas no 12º dia não conseguia mais dormir com falta de ar e fui pro Hospital Badim por indicação de um amigo. Lá, descobri que já estava com mais de 50% do pulmão comprometido e fui internado.

Nesse período passou um filme na minha cabeça. Tive muito medo da evolução rápida pra um quadro pior. Toda vez que algum profissional entrava no quarto eu achava que tinha chegado o momento da intubação. Além disso, minha esposa também estava com Covid e não saía da minha cabeça que ela podia piorar e eu ficar sem notícias. É impressionante a sensação de impotência e fragilidade nesse momento. Fiquei muito preocupado com a minha família. Já estava pensando em começar a mandar mensagens pra algumas pessoas importantes na minha vida pra não deixarem meus filhos e esposa desamparados se acontecesse o pior.

Felizmente meu quadro melhorou poucos dias depois e o atendimento que recebi no Badim foi um farol na escuridão. Se antes da pandemia alguém tinha dificuldade em ter uma referência de herói, o que vivi mostrou que médicos, enfermeiros, auxiliares de Enfermagem, profissionais da limpeza são os verdadeiros heróis. Enquanto estive no hospital, pude ver o trabalho de excelência que é feito lá, capitaneado pelo Dr. Antonino Eduardo, que se tornou meu amigo. Eu conseguia ver afeto nos olhos, no toque no ombro.

Ainda estou me recuperando da doença e espero que não deixe nenhuma sequela. Mas emocionalmente fiquei abalado e passei a repensar muitas coisas. Sabemos que a vida é finita, mas sempre achamos que nosso tempo aqui vai espichar mais um pouco. Agora, o que mais quero é viver intensamente ao lado da mulher que está ao meu lado há 32 anos e visitar o mais rápido possível minha filha e meus netos que moram na Espanha.”

Wellington Fernandes, 55 anos, Agente de segurança pessoal