Com Pedro Badim, ortopedista
O Ministério da Saúde vem publicando estudos alertando sobre as quedas de pessoas com idade mais avançada, o que tem assumido a dimensão de epidemia no Brasil. Especialistas acreditam que fatores como o envelhecimento da população, o atual isolamento social e a disposição natural que o idoso apresenta a esse tipo de evento, atuam como as mais comuns causas desse problema na sociedade. Na pandemia, esses acidentes se intensificaram e atingiu em cheio a terceira idade. Os pacientes idosos, no período de quarentena, passaram a apresentar quadros de síndrome da hipomobilidade, como consequência do menor nível de atividade, que gera fraqueza muscular e fragilidade óssea. Mas, pequenos ajustes na rotina podem livrar o idoso do risco de traumatismos graves, como indica o ortopedista Pedro Badim.
Segundo ele, não há um momento na vida que marque o início desse processo de quedas contínuas. No entanto, o especialista frisa que os idosos, a partir do desenvolvimento de comorbidades, passam a sofrer alterações fisiológicas que culminam na diminuição dos reflexos, do equilíbrio e do tônus muscular, que são fatores de risco para os tombos. “O desenvolvimento de doenças neurológicas degenerativas, sarcopenia fisiológica do idoso, demências, perda da acuidade visual, interações medicamentosas com alteração sensorial como consequência desta polifarmácia. Todas essas condições interferem na saúde da pessoa e favorecem as quedas”, destaca o médico.
O ortopedista faz outro alerta: as quedas em idosos podem representar sinal de doenças. “As famílias devem ficar atentas, pois as quedas podem ser início de demências, perdas visuais, síndromes neurológicas”. Os tombos afetam tanto os homens quanto as mulheres, na mesma proporção. Porém, as consequências de uma queda podem atingir dimensões bem mais graves em pessoas do sexo feminino. “A mulher tem maior propensão a desenvolver fraturas patológicas decorrente de quedas, pois a osteoporose pós-menopausa é um fator de fragilidade”, comenta.
No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez por ano. Desse percentual, 5% das quedas resultam em fraturas, enquanto 5% a 10% terminam em ferimentos que necessitam de auxílio médico. Dois terços das vítimas têm chance de recidiva em seis meses após a queda. “As fraturas mais comuns são chamadas de sentinelas, que atingem a extremidade distal do rádio, extremidade proximal do fêmur e a coluna lombar. Essas regiões, inclusive, devem ser investigadas através da Densitometria Mineral Óssea (DMO), anualmente, em pacientes com osteoporose e bianualmente, nos pacientes em tratamento controlado”, explica Pedro Badim. Ele acrescenta que o paciente diagnosticado com osteoporose, quando sofre uma fratura nessas regiões, o lado oposto no corpo tem grandes probabilidades de sofrer com fraturas.
Os casos mais preocupantes, segundo o ortopedista, são os decorrentes das chamadas fraturas cominuidas (multifragmentares), que apresentam grandes desvios e perdas de substância óssea ou com traços articulares. Esses sinais podem representar um prognóstico ruim, com necessidade de o paciente passar por cirurgia. “Em última análise, pacientes mais idosos com múltiplas comorbidades têm que ser avaliados caso a caso, para definir se a agressão da cirurgia justifica o resultado pós-operatório, principalmente em pessoas que não têm nível de demanda e função tão grandes”, pondera o especialista.
Ele cita alguns cuidados fundamentais que as famílias devem tomar para evitar as quedas de idosos.
– Retirar objetos que possam servir de obstáculos, como tapetes, buracos, determinados móveis do ambiente residencial;
– Quando o paciente estiver fazendo uso de medicamentos potenciais depressores da atenção e nível de consciência, sempre ter uma pessoa da família ou cuidador responsável por ele em tempo integral;
– Evitar calçados que possam dificultar a deambulação.