Passar a enxergar a vida com outros olhos é uma experiência comum às pessoas que viveram e se recuperaram de situações graves, especialmente de saúde. Com a advogada Márcia Soares de Lanna não foi diferente. Logo no começo da pandemia ela foi internada com Covid-19 com um quadro muito grave. Ainda em recuperação, ela conta que passou a controlar sua ansiedade e mudou sua forma de ver a vida. “Nada mais me atinge e não me estresso mais com coisas bobas. A vida é muito curta, então vamos aproveitá-la da melhor forma possível. Agora vivo como a música do Zeca Pagodinho: ‘Deixa a vida me levar, vida leva eu’. Aproveito o hoje, porque ontem foi passado e amanhã é incerto”. Conheça sua história de superação, que fecha com chave de ouro o mês de janeiro!
“Fui internada em 21 de março do ano passado no Hospital Badim. No caminho, achei que não fosse conseguir chegar viva de tão mal que eu me sentia. Chegando lá, já fui direto pra intubação no CTI. Soube depois que meus pulmões estavam totalmente comprometidos e que eu podia ter ido a óbito a qualquer momento. Foram 22 dias no hospital, 17 no CTI. Eu e minha família já éramos pacientes do hospital e, mais uma vez, o atendimento foi maravilhoso. Recebi muito carinho de todos com quem tive contato, da recepção à faxina, mas especialmente dos médicos Alexandre Scotti, Antonino Eduardo, Felipe Cosentino, José Arthur de Albuquerque, Fernanda Souza, da psicóloga Helena Camarinha e da fisioterapeuta Adriana Melo (na última foto, a terceira da esquerda para a direita). Só tenho que agradecer a Deus por ter colocado tantos anjos pra cuidar de mim.
Nasci de novo e, no meu entendimento, a confirmação disso é que tive alta no domingo de Páscoa, dia da ressurreição de Cristo. Essa experiência mudou minha vida e minha forma de pensar. Passei a dar mais valor a coisas que antes nem julgava tão importantes. Estive muito perto da morte e percebi que temos que aproveitar enquanto estamos aqui. A Covid-19 serviu, entre outras coisas, pra minha família se aproximar ainda mais. Agora, fazemos as refeições e cozinhamos juntos, vemos filmes. São momentos simples que hoje eu dou um valor enorme.
Outra surpresa foi saber da quantidade de pessoas que torceram pela minha recuperação e que eu nem conhecia. Meu marido criou um grupo num aplicativo de mensagens e passou a mandar diariamente notícias sobre o meu estado de saúde. Quando tive alta, recebi dezenas de mensagens com palavras de otimismo desejando minha cura. Depois que tudo isso passar, tenho uma longa agenda de compromissos pra cumprir de tantos amigos que vou ter que encontrar pra dar um abraço pessoalmente.
A situação que vemos agora é desoladora pra quem, como eu, conheceu a face grave da Co-vid-19. As pessoas têm que ter mais empatia, mais respeito e mais amor por si e pelos outros. É o momento de nos unirmos, de nos cuidarmos e evitarmos festas e aglomerações. Esses dias sonhei com a vacina. Quando chegava a minha vez de tomar, eu desmaiava de tão emocionada que ficava. Só quem passou pelo que eu passei consegue ter ideia do quanto é importante a prevenção e a imunização contra essa doença!”
Márcia Soares de Lanna, 51 anos, Advogada