Com Carlos Barone, otorrinolaringologista
Dor na garganta, de cabeça e alterações no olfato e paladar são os sintomas da Covid-19 que vêm causando maior impacto no campo da Otorrinolaringologia. Na maioria dos casos, os pacientes que têm esses sentidos comprometidos pela doença conseguem recuperar as funções logo após a cura. No entanto, estudos mais recentes e de diversas partes do mundo apontam que cerca de 20% das pessoas atingidas pela perda de olfato ou paladar em decorrência do novo coronavírus levam, em média, 60 dias ou até períodos mais longos para se livrarem das sequelas, que em alguns casos podem ser permanentes.
Segundo o otorrinolaringologista do Hospital Badim, Carlos Barone, a recuperação incompleta e tardia da perda de olfato e/ou paladar não tem relação com as novas variantes da doença. As causas desses sintomas na Covid-19 ainda não foram desvendadas pelos cientistas, mas os especialistas da área as relacionam aos sinais iniciais da doença. “O que observamos nesse um ano de pandemia é que os pacientes não têm apenas perda de olfato e/ou paladar, mas também podem apresentar alterações, como sentir cheiros que não existem ou diferentes do que sentiam antes de serem infectados pelo vírus. Isso sugere um dano celular direto, mas essa linha de estudo ainda não é consolidada”, destaca o médico.
O especialista afirma que, atualmente, o tratamento recomendado aos pacientes que desenvolvem esses problemas, segue um procedimento bem semelhante à fisioterapia, com o treinamento de estímulo olfatório. “Esse método tem se mostrado mais eficaz. Oferecemos ao paciente algumas substâncias para ele cheirar, como se fosse uma fisioterapia do olfato. Ele precisa repetir esse ato diversas vezes ao dia e por um período prolongado. Aos poucos ele vai percebendo os bons resultados”, explica Barone.