Com Bruno Zawadzki, chefe da Nefrologia
Cientistas da Universidade Nacional Yang-Ming, em Taiwan, desenvolveram um estudo com mais de quatro mil pacientes renais crônicos associando a evolução da doença à frequência de práticas de exercícios aeróbicos. Os resultados foram surpreendentes: o hábito de fazer esse tipo de atividade física de forma moderada, ou seja, por 2h50min, ou em um ritmo acelerado por 1h25min, semanalmente, levou a um risco 17% menor de progressão da doença para estágios graves. As disfunções cardiovasculares foram observadas na mesma pesquisa e, também apresentaram redução de risco em 37% com as práticas aeróbicas.
O estudo ainda conseguiu delimitar o tempo de exercícios aeróbicos para esse grupo de pacientes: máximo de 5 horas por semana, utilizando um ritmo moderado, ou de 2h50min de atividades aceleradas. “Os benefícios das práticas aeróbicas são indiscutíveis, mas o paciente deve antes de iniciar esses treinos consultar o seu médico e fazer um check-up. Quem tem doença renal crônica precisa manter boa hidratação e alimentação adequada, para não ser prejudicado com o esforço dispensado nas atividades físicas”, alerta o médico Bruno Zawadzki, coordenador do setor de Nefrologia do Hospital Badim.
O especialista faz uma análise dos resultados da pesquisa, especialmente dos motivos que levam as atividades físicas serem tão importantes para esses pacientes. Segundo ele, os movimentos conseguem regular a pressão arterial e os níveis de glicose, melhorando, assim, a função renal. Além disso, o gasto de energia e a queima de calorias aceleram o metabolismo do corpo, prevenindo a obesidade, fator de risco para doença renal crônica. “Outro aspecto importante é que o doente renal pode desenvolver complicações cardíacas. As atividades físicas adequadas trazem benefícios ao coração porque fortalecem a musculatura cardíaca”, destaca o nefrologista.
Os benefícios das atividades físicas regulares, como caminhadas, corridas, ciclismo, natação e a dança podem chegar, aproximadamente, em um mês após o início da prática. Estudos já comprovaram que a caminhada, por exemplo, ajuda a reduzir a pressão arterial e melhora a circulação sanguínea. No caso dos hipertensos, esses ganhos são importantes. Com a regularidade dos exercícios, o paciente ainda consegue manter em bons níveis o colesterol e triglicerídeos, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. “Independente de qualquer problema de saúde, as atividades físicas ajudam a relaxar, proporcionam a sensação de prazer e melhoram a autoestima, o que reverte em qualidade de vida e bem-estar”, enfatiza Zawadzki.