Com Antonino Eduardo, gerente médico
A ECMO (sigla para Extracorporeal Membrane Oxygenation – Oxigenação Extracorpórea por Membrana, em Português) ficou conhecida do grande público ao ser empregada no tratamento de Covid-19 do humorista Paulo Gustavo. Essa terapia de ponta é voltada para casos críticos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), por exemplo, e acaba de ser disponibilizada aos pacientes do Hospital Badim, propiciando uma melhor evolução do tratamento.
Nesta entrevista, o intensivista e gerente médico da unidade, Antonino Eduardo, detalha o procedimento, que pode ser determinante para a cura do paciente. Confira.
Quando a ECMO é indicada?
Antonino Eduardo: Nos casos de hipoxemia (baixa de oxigênio no sangue) grave e refratária. Na SRAG, por exemplo, a infecção e a inflamação causadas pela síndrome podem comprometer o funcionamento dos alvéolos pulmonares, prejudicando uma das principais funções do pulmão, que é eliminar o gás carbônico e deixar que o oxigênio vá para o sangue. Existem diversas terapias para reverter essa situação, inclusive o uso de respiradores. Nos casos em que essas tentativas não são suficientes, podemos partir para a ECMO.
Como funciona esse tratamento?
AE: A ECMO retira o sangue através de uma veia para uma bomba e por uma membrana artificial, que substitui a função do pulmão. Essa técnica ajuda a eliminar o gás carbônico e a oxigenar o sangue, que então é devolvido para o organismo.
Quais os benefícios para o paciente?
AE: A ECMO aumenta a sobrevida e garante um “repouso” à estrutura pulmonar na medida em que a oxigenação passa a ser feita fora do corpo.
E quais os possíveis riscos?
AE: Toda terapia de alta complexidade envolve riscos e, no caso da
ECMO, os principais são formações de fístulas e hemorragias.
Existe alguma contraindicação?
AE: Sim. Pacientes acima de 65 anos, com mais de sete dias em ventilação mecânica, com neoplasia avançada, sangramento de difícil contenção e hemorragia no sistema nervoso central.
Os profissionais do Badim que manejam a ECMO fizeram algum treinamento específico?
AE: Sim. Nossa equipe de intensivistas é treinada para manejo de equipamentos de alta complexidade e conta com perfusionistas, especialistas em perfusão e oxigenação através de membrana.