Com Antonino Eduardo, gerente médico
A começar pelo tabagismo, o fumo está relacionado com cerca de 50 doenças crônicas, dentre elas vários tipos de câncer, enfermidades no aparelho respiratório, problemas digestivos e cardiovasculares. No homem, pode causar impotência sexual; na mulher, infertilidade e complicações na gravidez. Por ano, 157 mil brasileiros aproximadamente, são vítimas fatais de doenças ocasionadas pelo cigarro. E mesmo conhecendo as estatísticas alarmantes, os fumantes não conseguem abandonar esse hábito que faz tão mal à saúde.
A nicotina presente no cigarro é um componente altamente viciante, além de outros elementos químicos que também causam dependência. Há ainda um fator importante que prejudica o fumante na hora de abandonar o vício: a questão psicológica. “Quem fuma tem a sensação que o cigarro ajuda a enfrentar os problemas. É a válvula de escape que para muitos, por isso, não consegue ser dispensado”, explica o clínico e gerente médico do Hospital Badim, Antonino Eduardo Neto. Esse padrão determina os dois tipos de tratamentos do tabagismo: o medicamentoso e a terapia cognitivo-comportamental.
O especialista enfatiza que a decisão de parar de fumar não deve acontecer por impulso, mas programada e relacionada a um momento especial da vida do fumante, como a data do seu aniversário ou de outra conquista, para que a experiência seja motivadora. Outro caminho é lembrá-lo dos riscos que oferece às pessoas queridas do seu convívio. “Quem não fuma também inala indiretamente a fumaça do cigarro, podendo desenvolver doenças crônicas decorrentes das substâncias tóxicas, além de inflamações e até alterações na genética das células”, alerta Antonino. O tratamento do tabagismo, na maioria dos casos, é longo e o seu percurso pode ser marcado por alguns ‘deslizes’, “o que é normal porque é um processo que requer muita força de vontade, esforço físico e mental. O mais importante é o paciente entender que esse caminho é o melhor para a sua saúde”, comenta o médico.
O tabagismo é gerado pela dependência à nicotina. O hábito é uma porta aberta para o surgimento de vários tipos de câncer, principalmente o de pulmão. Nesse caso, o fumante tem 20 vezes mais risco de desenvolver a doença e 90% das ocorrências estão relacionadas ao fumo.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país registra mais de 28 mil novos casos de tumores pulmonares ao ano. Estudos realizados pelo Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco, órgão ligado ao INCA, constataram que o cigarro é responsável por 12,6% do total de mortes anuais, 43% dos problemas cardiovasculares, 34% dos casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e 5% das ocorrências de AVC. Da lista de doenças crônicas desencadeadas pelo fumo as prioritárias são: Acidente Vascular Cerebral (AVC), diabetes, infarto e úlceras gástricas. O hábito de fumar ainda prejudica a função renal e o fluxo sanguíneo. Enfermidades do sistema gastrointestinal também podem surgir, como gastrite e refluxo.
“O ideal é o fumante procurar ajuda especializada para tratar o tabagismo. Mas para quem ainda não deu esse importante passo, uma dica é ir diminuindo a quantidade de cigarros por dia e, simultaneamente, adotar a prática de atividades físicas ou qualquer outro hobby que possa fazê-lo esquecer do cigarro e se sentir feliz”, sugere o clínico.