Com Maurício Forneiro, coordenador da Clínica Médica

A tensão muscular e o cansaço que não passa nem com uma boa noite de sono podem ser os primeiros sinais do seu organismo de que o estresse está rompendo as barreiras emocionais e físicas. Do outro lado dessa linha tênue estão a irritabilidade e os pequenos esquecimentos que costumam surgir na sequência e, aos poucos, a doença vai se agravando e trazendo na esteira complicações como gastrite, oscilação da pressão arterial, alteração da glicemia, queda de cabelo e depressão. Considerado o mal do século 21, o estresse se manifesta inicialmente forma silenciosa, mas os seus resultados podem chegar às doenças graves, como infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O estresse é gerado pelo excesso de informações e de preocupações, como os problemas profissionais, familiares, finanças, ausência de lazer, dentre outros males da vida moderna. “A reação natural do corpo perante os riscos iminentes vai aumentando o grau de tensão e levando a outros fatores para doenças, principalmente as cardiovasculares”, explica o clínico e endocrinologista Maurício Forneiro. Por isso, é importante estar atento aos primeiros sinais do estresse excessivo: cansaço exagerado, falhas na memória, insônia, hipersensibilidade, perda do interesse sexual, ansiedade e depressão.

Riscos do estresse

As doenças cardiovasculares, como o infarto, e as cerebrovasculares, como o AVC, estão entre os fatores de risco do estresse. “Isso porque a adrenalina liberada pelas glândulas suprarrenais nos momentos de tensão, com o tempo vai acelerando o ritmo cardíaco e, com isso, há oscilação da pressão arterial”, destaca o médico. Forneiro acrescenta que outro hormônio liberado por essas glândulas na condição de estresse é o cortisol, cujo excesso no corpo é responsável pela insônia. “Esse mecanismo é naturalmente acionado para que o corpo fique em estado de alerta e possa ter uma resposta rápida ao caso de emergência”, esclarece o especialista. “Além desse problema, o cortisol interfere no sistema imunológico, alterando as funções das células de defesa e, assim, abrindo portas para várias doenças”, acrescenta.

O período prolongado de estresse desencadeia também as crises de ansiedade e depressivas e a síndrome do pânico, podendo chegar aos transtornos psiquiátricos. Quando não tratada, a doença pode levar ainda aos distúrbios gástricos, como a gastrite, o refluxo e as colites, que por sua vez podem provocar até um câncer.

No ambiente de trabalho, a tendência de exceder os serviços em longas e pesadas jornadas e por períodos prolongados, pode desencadear a Síndrome de Burnout. Conhecida como doença do esgotamento profissional, esse tipo de estresse crônico é caracterizado pela exaustão física e emocional. Os sinais da enfermidade aparecem de forma gradativa e se não controlados, podem ser agentes de outras doenças. Entre os sintomas estão: a fadiga crônica, insônia, dificuldade de concentração, dores de cabeça, palpitações cardíacas, desmaios, perda de apetite, isolamento, raiva e outras alterações físicas e mentais.

Combater o estresse é um passo fundamental para a saúde e qualidade de vida. Essa doença multissistêmica atinge cerca de 90% das pessoas no mundo, acarretando no aumento das doenças crônicas e, consequentemente, nas taxas de letalidade. Então, fique atento às dicas do nosso especialista para evitar passar por esse problema de saúde.

  • Procure identificar os motivos que estão te levando ao estresse;
  • Procure estabelecer hobbies e hábitos saudáveis e prazerosos, sempre buscando lidar da melhor forma possível com os fatos que não podem ser mudados;
  • Compreenda os seus limites;
  • Faça amizades e tenha um bom relacionamento familiar;
  • Estabeleça momentos de distração e lazer;
  • Mantenha uma rotina de boa alimentação e prática de exercícios físicos;
  • Aprenda a respirar, especialmente nos momentos de ansiedade;
  • Procure equilibrar todos os setores da vida: profissional, pessoal e espiritual.