Com Rodriguo Rodrigues, gastroenterologista

O intestino é constituído por um longo tubo por onde passa a comida e, nesse trajeto, há a absorção dos nutrientes e eliminação dos elementos sem valor para o corpo. Nesse órgão também há cerca de 500 milhões de células neurais e, pelo trato gastrointestinal, ele se comunica com o cérebro, através do nervo chamado vago. A falha na conexão entre cérebro e intestinos – delgado e grosso –, reflete no organismo, especialmente no sistema gastrointestinal, tendo como origem questões genéticas, ação de micro-organismos, dentre outras causas. Uma das disfunções é a síndrome do Intestino Irritável (SII), que provoca desconforto abdominal, cólica, episódios alternados de diarreia e prisão de ventre, inchaço e gases.

Segundo o gastroenterologista do Hospital Badim, Rodriguo Rodrigues, os pacientes diagnosticados com SII costumam apresentar quantidade maior de células do sistema imunológico no intestino, o que pode justificar a resposta exagerada aos estímulos de defesa. Alguns gatilhos da síndrome são: ingestão de alimentos gordurosos que podem levar às contrações gastrointestinais; resposta a uma crise de estresse, depressão ou ansiedade; dentre outros fatores.

“Nas mulheres, as manifestações da síndrome do intestino irritável são mais intensas e próximas ao período menstrual, o que sugere uma possível relação da doença com hormônios, mas essa influência ainda não foi comprovada pela Ciência”, destaca o médico. A dieta, segundo Rodrigues, é bastante eficaz no tratamento da SII. “Os sintomas são agravados com a ingestão de certos alimentos à base de cafeína e álcool, assim como no consumo de comidas gordurosas”, destaca o especialista.

A patologia é mais comum em pessoas entre 15 e 65 anos e, por ser uma doença funcional, o diagnóstico, normalmente, é por exclusão dos exames que vão tender aos resultados normais. Assim, o médico vai afastando as causas orgânicas dos sintomas do paciente. “Essa doença não se torna grave. Geralmente, é crônica e o paciente persiste com os sintomas durante muitos anos, com dor, distensão, alternância intestinal, sensação de gases”, afirma o gastroenterologista.

Rodrigues cita algumas práticas que podem ajudar na prevenção e no tratamento da síndrome:

  • Evite alimentos gordurosos, que podem servir de gatilho para algumas pessoas. Opte por produtos ricos em fibras, mas não exagere nos vegetais que aumentam a produção de gases, como repolho, couve-flor, batata doce e feijão;
  • Fique longe das bebidas alcoólicas e as que contêm cafeína;
  • Evite chicletes e balas que contenham sorbitol;
  • Pratique atividades físicas;
  • Busque ajuda médica, psicológica e os atendimentos terapêuticos;
  • Em qualquer circunstância, evite o fumo.