Com o psiquiatra Maurício Letta
Os números assustam: são aproximadamente 700 mil pessoas que cometem suicídio, por ano. Essa é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, segundo o Ministério da Saúde. A maior incidência está em países de baixa renda, que registram 77% do total de casos no mundo. Mesmo com essas estatísticas, a abordagem do tema aqui no Brasil ainda enfrenta barreiras e as discussões geralmente começam pelo fim de uma história muito triste.
“É fundamental o trabalho de prevenção, a promoção de discussões sobre o suicídio, dos seus possíveis gatilhos, da sua prevenção e tratamento”, alerta o nosso psiquiatra, Maurício Leta. Ele foi um dos palestrantes do evento que promovemos agora em setembro, no âmbito da campanha nacional Setembro Amarelo. Nesse encontro, aberto ao público e que reuniu os nossos colaboradores, Leta destacou os fatores de risco para o problema: os indivíduos com histórico de tentativas de suicídio, pacientes diagnosticados com transtornos mentais, entre eles a depressão, o abuso de substâncias tóxicas, a esquizofrenia, o transtorno afetivo bipolar e os transtornos de personalidade, pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e os grupos minoritários como a população LGBTQIA+, refugiados, imigrantes e prisioneiros.
O especialista enfatiza que o suicídio pode ser prevenido e os pilares do controle do problema estão na notificação e monitorização dos índices, na conscientização social, na identificação precoce em grupos de risco, na abordagem profissional adequada, no acompanhamento dos pacientes com comportamento suicida e na colaboração multissetorial durante o tratamento em instituições médicas.
“Quando tratamos um paciente com comportamento suicida, a abordagem deve ser diferenciada. Não podemos fazer qualquer julgamento, temos que usar de muita tranquilidade e aceitação. Somente dessa forma conseguimos criar um vínculo com esse paciente e, assim, tratá-lo”, comenta Leta. O apoio familiar e de amigos é fundamental para a recuperação desses pacientes, segundo ele. Além da rede de apoio, o tratamento inclui medicamentos para melhorar a qualidade do sono e diminuir a ansiedade, que são indicados durante as consultas periódicas.
O psiquiatra dá algumas dicas que podem prevenir esse ato extremo: “deixar de lado os estigmas e buscar ajuda médica logo que perceber os sinais de depressão ou ansiedade, não deixar de tomar os remédios receitados pelo especialista, não faltar às consultas, eliminar as situações de estresse”. Cada pessoa pode fazer a sua parte prestando mais atenção em quem está ao seu lado. O melhor remédio para prevenir o suicídio está nas relações afetivas sólidas, na espiritualidade e em qualquer passo que traga felicidade e bem estar.
Veja como ajudar:
ouça, demonstre empatia e tenha tranquilidade nesse momento;
tenha respeito pelo sofrimento e demostre preocupação e cuidado com o caso;
procure identificar o grau de risco;
incentive a pessoa procurar ajuda profissional;
procure a família e outros amigos de forma imediata;
permaneça ao lado da pessoa até ter certeza que ela procurou ajuda profissional ou que a família está cumprindo esse papel.