Com o clínico geral Antonino Eduardo Neto

Nem tudo pede antibiótico. Veja por que é tão importante evitar esse tipo de medicamento

Os antibióticos são extremamente eficazes no combate a infecções. Mas o seu mau uso faz com que certas bactérias sofram mutações genéticas e, assim, abra uma porta para a invasão de superbactérias no organismo. Por isso, há muita cautela na prescrição e no consumo consciente desse tipo de medicamento, tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos (World Antibiotic Awareness Week), que aconteceu entre os dias 18 e 24 de novembro. O objetivo da OMS é conscientizar a sociedade e os profissionais de saúde sobre os impactos gerados pela resistência ao medicamento.

“Uma das consequências do uso irracional de antibióticos é o risco de morte do paciente, mas elas estão também refletidas no aumento dos índices de mortalidade, no maior tempo de internação, na ineficácia dos tratamentos e nas despesas elevadas das instituições médicas, públicas e particulares. Ou seja, é uma questão de saúde pública”, avalia o nosso clínico e intensivista, Antonino Eduardo.

A resistência a esses medicamentos acontece de forma natural, porém, esse processo pode ser acelerado pela sua aplicação inadequada. Um bom exemplo está no seu uso contra a gripe, que tem origem viral e não bacteriana. “Quanto mais em contato com o organismo do paciente, esse medicamento vai perdendo a sua eficácia, o que, consequentemente, aumenta o risco de cura da doença bacteriana não ser alcançada e o desfecho pode ser o pior possível”, explica o médico. Os antibióticos destinados à indústria de alimentos e de animais também têm os mesmos efeitos preocupantes.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o controle do uso dos antibióticos tem como referência o diagnóstico, a seleção, a prescrição e a dispensação adequadas do produto. “É muito importante que a sociedade saiba dos riscos da automedicação, principalmente em relação a esses medicamentos”, destaca o nosso clínico.

De acordo com a ReAct, rede internacional que articula um trabalho integral de enfrentamento do problema, 1,27 milhão de mortes foram consequência direta de infecções bacterianas resistentes a antibióticos em 2019. De acordo com o órgão, as principais doenças em que a resistência aos antibióticos está causando mortes são:

  • infecções do trato respiratório inferior (como pneumonia)
  • infecções da corrente sanguínea
  • infecções intra-abdominais
  • infecções do trato urinário
  • tuberculose
  • infecções de pele
  • meningite e outras infecções bacterianas do sistema nervoso central
  • febre tifóide e outras infecções invasivas por Salmonella
  • diarréia
  • infecções cardíacas
  • Infecções ósseas e articulares