Com o cirurgião bariátrico Guilherme Cotta

De acordo com o Ministério da Saúde, a obesidade já atinge 6,7 milhões de brasileiros. E a obesidade mórbida – pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 40kg/m2, ou seja, o maior grau da escala –, já chega a mais de 863 mil pessoas. Os dados são do ano passado e servem de alerta: é preciso mudar os hábitos de vida e o alimentar. A pesquisa apontou que, em apenas três anos (2019 a 2022), o número de pessoas com obesidade mórbida subiu 111,75%.

A obesidade mórbida é tema do filme “A Baleia”, lançado este mês no Brasil, levantando discussões sobre os empecilhos enfrentados por quem tem a doença, inclusive, a gordofobia.

Nesse contexto, a cirurgia bariátrica desponta como o tratamento mais eficaz para os casos graves de obesidade, especialmente para pacientes com comorbidades e idosos. O procedimento ajuda ainda na redução do risco para doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, hérnia de disco, problemas ortopédicos e articulares, dificuldades respiratórias, apneia do sono, embolia pulmonar por alterações da coagulação sanguínea. A obesidade está associada também a tipos de câncer, como de útero, mama e intestino grosso, além da depressão.

A cirurgia bariátrica é praticada no Brasil por múltiplas técnicas, como explica o nosso cirurgião bariátrico, Guilherme Cotta, que também é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Segundo o médico, o tipo de procedimento depende do diagnóstico e quadro clínico do paciente, que também tem voz ativa nessa tomada de decisão. “O paciente deve interagir no processo pré-cirúrgico e, principalmente, seguir as recomendações médicas. A troca de informações nas consultas e a realização dos exames específicos ajudam a identificar doenças associadas que esse paciente possa ter e, a partir desses resultados, conseguimos traçar com segurança e precisão o plano cirúrgico. Quando o paciente não segue as nossas recomendações, inclusive no pós-operatório, reduz em até 65% a possibilidade do sucesso da cirurgia, além do risco de reganho de peso”, alerta Cotta.

Cotta esclarece que as técnicas mais comuns são o Bypass, que se caracteriza pelo grampeamento de parte do estômago e pelo desvio da parte inicial do intestino, e a Cirurgia Restritiva, na qual é retirada uma parte do estômago. As duas modalidades podem ser realizadas por meio de operação convencional ou por videolaparoscopia. A bariátrica é indicada para pacientes que estejam obesos há mais de cinco anos, que apresentem IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 40 kg/m2 ou a partir de 35 kg/m2, com doenças metabólicas associadas, e que já tenham tentado outras formas de emagrecimento, sem sucesso.

No Badim, o acompanhamento pré e pós-cirúrgico é feito pela equipe multidisciplinar do Núcleo de Tratamento da Obesidade Mórbida (Nutom), que reúne cirurgião, nutricionista, endocrinologista, clínico, fisioterapeuta e psicólogo, que, juntos, oferecem atendimento integral e interligado. O processo tem início já na primeira consulta ambulatorial e o tempo percorrido até a hora de entrar no Centro Cirúrgico varia de acordo com as condições clínicas do paciente. “O paciente é conscientizado de uma vida pré e pós bariátrica, pois são muitas mudanças no seu corpo, no seu visual e na sua rotina”, destaca Cotta. O tempo de recuperação também é flexível. Em alguns casos, o retorno às atividades normais pode ocorrer em apenas 15 dias.