Com o hepatologista Marcelo Dibo

 

O 9 de junho é marcado por um advento global importante: o Dia Internacional de Combate à Esteatose Hepática Não Alcoólica. A doença metabólica e crônica é popularmente conhecida como gordura no fígado, caracterizada pela ausência de sintomas. Relacionada ao diabetes tipo 2 e à obesidade, a condição está presente em 30% dos brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).

O fígado é responsável pela eliminação de substâncias tóxicas, além de produzir a bile necessária à digestão. A presença de gordura no órgão compromete o seu funcionamento e as consequências podem ser graves para a saúde. O nosso hepatologista, Dr. Marcelo Dibo, enfatiza a sua gravidade e fatores de risco e explica como o problema costuma evoluir, podendo causar câncer de fígado e até a necessidade de transplante hepático, se negligenciada.

O que é a esteatose hepática? 

Dr. Marcelo Dibo – é um problema proveniente do acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Quando tratada, a doença pode regredir ou se estabilizar. Mas se negligenciada, a esteatose pode evoluir para a esteatoepatite, provocando uma necroinflamação do fígado. Essa condição pode avançar, com o passar do tempo, para o carcinoma hepatocelular ou câncer de fígado. Nesse caso, já é indicado um transplante hepático.

 

Quais os principais fatores de risco da esteatose? 

Dr. MD – Essa doença está mais comumente associada à obesidade, diabetes mellitus, a uma nutrição deficiente, perda brusca de peso e sedentarismo. A gente tem ainda a síndrome metabólica, que tem como sintomas a hipertensão arterial, a resistência à insulina e os níveis elevados de colesterol e triglicérides, como um fator de risco forte para a esteatose hepática não alcoólica.

 

Quais os sinais de que uma pessoa está com gordura no fígado?

Dr. MD – A esteatose é uma doença silenciosa na maioria dos casos. Geralmente, o problema de saúde é descoberto quando o paciente realiza uma ultrassonografia de abdômen solicitada durante um check-up. Realizar os exames periódicos permite rastrear doenças em estágio inicial, quando o tratamento é bem mais eficiente e as chances de cura são maiores.

Com se dá a evolução da doença? 

Dr. MD – Quando o problema está mais adiantado, o paciente começa a perceber sintomas como dor, cansaço, fraqueza, perda de apetite e é possível observar o aumento do fígado. Se a doença avançar para uma insuficiência hepática, o paciente pode ter acúmulo anormal de líquido no abdome, encefalopatia, confusão mental, hemorragias, queda no número de plaquetas do sangue, a pele e os olhos ficam num tom amarelado. Essa fase já bem avançada é indicativa de um câncer de fígado.

Qual o tratamento mais indicado para a esteatose hepática? 

Dr. MD – O tratamento é determinado de acordo com as causas da doença e as condições clínicas. Mas o fundamental é o portador se conscientizar que precisa mudar os seus hábitos, o seu estilo de vida e buscar uma alimentação mais saudável e equilibrada, praticar regularmente atividade física, evitar o estresse e os problemas de qualquer natureza. Enfim, ter como meta a qualidade de vida.