Durante exames de rotina da pré-temporada do clube de futebol pelo qual joga, o atleta do Fluminense Paulo Henrique Ganso foi diagnosticado com miocardite, inflamação do miocárdio, tecido muscular do coração. Foi um alerta para muitos torcedores e o público em geral. Afinal, a miocardite é uma condição que pode afetar pessoas de todas as idades. Apesar de ser relativamente rara, pode ter consequências sérias para a saúde, incluindo insuficiência cardíaca e arritmias. Neste texto, vamos abordar a miocardite em detalhes, com o objetivo de informar e conscientizar nossos pacientes sobre essa importante doença, com o especialista Felipe Cosentino, coordenador da Unidade de Cardio Intensiva (UCI) do Hospital Badim. Afinal, a informação é fundamental para a prevenção e o tratamento.

Felipe Cosentino: “a miocardite é uma condição séria, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos pacientes pode se recuperar sem complicações”
A doença tem diversas causas, mas a maioria dos casos está relacionada a infecções virais, provocadas por vírus como os da influenza A, da caxumba e da hepatite C; alguns processos imunológicos desencadeados por infecções bacterianas, fungos, protozoários e parasitas, entre outros agentes infecciosos; ou também imunomediada – em que mecanismos autoimunes, reações a determinados medicamentos podem desencadear uma resposta inflamatória no músculo cardíaco.
“Ao longo da carreira, já atendi diversos casos de miocardite, tanto em situações mais brandas quanto em quadros mais graves que exigem suporte intensivo. Nos últimos anos, houve um aumento na detecção da miocardite, em parte devido a uma maior conscientização sobre a doença e ao aprimoramento dos métodos diagnósticos. Além disso, infecções virais recentes e outros fatores podem ter contribuído para esse crescimento”, avalia o especialista, que atua como cardiologista há mais de 15 anos.
Assistência especializada
Os pacientes que chegam à UCI do Hospital Badim com miocardite variam bastante em idade e quadro clínico. Alguns apresentam sintomas leves, como fadiga e palpitações, enquanto outros evoluem para insuficiência cardíaca e instabilidade hemodinâmica. A doença pode afetar tanto jovens saudáveis quanto pacientes com comorbidades prévias, exigindo uma abordagem individualizada para cada caso. O atendimento no Hospital Badim inclui monitoramento contínuo, suporte medicamentoso para controlar a inflamação e estabilizar o ritmo cardíaco, além de suporte hemodinâmico em casos mais graves.
A equipe multidisciplinar conta com cardiologistas, intensivistas, fisioterapeutas e outros profissionais para garantir um tratamento completo e eficaz. “Em situações críticas, pode ser necessário suporte avançado, como dispositivos de assistência circulatória. Aqui no Hospital dispomos de ressonância nuclear magnética de 1,5 tesla (força do campo magnético da ressonância, que implica na resolução da imagem, no tempo de exame e nos exames que podem ser realizados), imprescindível ao diagnóstico”, destaca Felipe.
Conscientização e diagnóstico precoce fazem a diferença
O coordenador da nossa UCI afirma que “a miocardite é uma condição séria, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos pacientes pode se recuperar sem complicações. É fundamental estar atento a sintomas como fadiga intensa, dor no peito, falta de ar e palpitações, procurando assistência médica ao menor sinal de alerta”, alerta.
Para os pacientes em tratamento, recomenda-se repouso adequado, evitar atividades físicas intensas até a liberação médica e manter acompanhamento cardiológico regular. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicações específicas por um período prolongado. Além disso, manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e controle de fatores de risco, é essencial para prevenir recorrências.
A conscientização sobre a miocardite é fundamental para que mais pessoas reconheçam os sinais da doença e busquem atendimento precoce, reduzindo complicações. Além disso, a educação sobre os fatores de risco e a importância do acompanhamento médico pode contribuir para um diagnóstico mais rápido e uma melhor recuperação dos pacientes. “É importante reforçar que, apesar de ser uma condição desafiadora, a medicina tem avançado muito no diagnóstico e tratamento da miocardite. A abordagem multidisciplinar e o uso de novas tecnologias têm melhorado significativamente os desfechos dos pacientes”, conclui.