Você já ouviu falar em choque séptico ou septicemia, uma infecção generalizada que pode levar à morte? O que pouca gente sabe é que a identificação precoce do problema e o tratamento imediato podem reverter o quadro. Neste contexto, a expertise da equipe assistencial e a agilidade no atendimento são fundamentais para salvar vidas. No Hospital Badim, a preocupação é tanta que existe um Protocolo de Sepse que abrange desde a emergência até a internação, para identificar rapidamente os pacientes com suspeita da doença.

Lúcio Abreu, coordenador da Emergência e gestor do protocolo de sepse, ressalta que a administração de antibiótico em, no máximo, uma hora reduz em até 35% os óbitos por choque séptico.
Uma hora é o tempo máximo que deve transcorrer desde o diagnóstico até o início do tratamento contra a sepse em pacientes que dão entrada no nosso hospital. Essa é uma das principais diretrizes do nosso protocolo de sepse, conjunto de medidas criadas para padronizar o diagnóstico e permitir intervenções rápidas. “A sepse ainda é pouco percebida por muitos médicos em geral, mas reconhecer precocemente a patologia é fundamental. É uma doença tempo-sensível, em que a ação imediata faz toda a diferença para os pacientes”, destaca o coordenador da nossa Emergência e gestor do protocolo de sepse do nosso hospital, o cardiologista Lúcio Abreu. Para se ter ideia da dimensão da situação, a pesquisa ‘Uma breve análise epidemiológica dos casos de Septicemia no Brasil em 2024’, com base nos dados do SUS e publicada no Journal of Medical and Biosciences Research, mostrou que houve, no período, 184.146 internações por sepse e 81.765 óbitos.
Abreu ressalta que iniciar a administração de antibiótico em, no máximo, uma hora reduz em até 35% os óbitos por choque séptico. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a sepse causa cerca de 11 milhões de mortes todos os anos. No Brasil, são registrados aproximadamente 400 mil casos anuais em adultos, com letalidade em torno de 60%, segundo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
Quais os sinais?
Os sintomas que devem acender o ‘sinal vermelho’ entre as equipes de saúde podem parecer inespecíficos a acompanhantes ou familiares: febre, sonolência, taquicardia e hipotensão. “Nossa equipe da Emergência é treinada para reconhecer rapidamente esses sinais e iniciar de imediato um pacote de medidas, como a realização dos exames de hemocultura e a dosagem de lactato, que indica se há metabolismo anormal. A partir do momento em que a sepse é detectada, cada passo do protocolo visa eliminar o agente agressor do organismo”, explica o médico.
Além do antibiótico, a abordagem inclui a reposição volêmica, que é a administração de fluidos e hemoderivados para restaurar a pressão arterial. “A infecção bacteriana causa vasodilatação, que leva à hipotensão. A oferta de líquidos ajuda a normalizar a pressão”, complementa o gestor do protocolo. Sem a conduta correta, o quadro clínico pode deteriorar-se rapidamente em 24h a 48h e até levar ao óbito.
De onde vem?
Mas afinal, o que causa a sepse? O médico explica que a doença resulta de uma resposta inflamatória descontrolada do sistema imune a uma infecção, geralmente de origem bacteriana. “Indivíduos com sistema imunológico íntegro costumam controlar a infecção. Porém, quando o paciente apresenta doenças crônicas, como diabetes ou câncer, aumenta o risco de evolução para sepse”.
Abreu chama a atenção para um ponto crítico: muitos pacientes interrompem precocemente o tratamento de infecções ao acreditarem que já estão curados. “O uso de antibióticos precisa seguir rigorosamente a orientação médica. Há pacientes que não tomam o medicamento pelo tempo recomendado e a automedicação ainda é frequente. O uso inadequado favorece a resistência bacteriana, tornando as infecções cada vez mais difíceis de combater”, enfatiza.
Saiba reconhecer
O coordenador da nossa Emergência faz um alerta para acompanhantes e cuidadores de idosos, em especial: “em pacientes com algum grau de alteração neurológica, como Parkinson ou Alzheimer, além de sinais como sonolência, febre, taquicardia e hipotensão, é importante observar se há redução do volume de urina. Em caso positivo, levem o paciente imediatamente à unidade de saúde”.