As lesões por pressão representam um grande desafio para instituições de saúde em todo o mundo e são, ao mesmo tempo, um importante indicador da qualidade da assistência prestada. No nosso hospital, a prevenção desses danos na pele é prioridade e segue rigorosas diretrizes internacionais, com o trabalho integrado da equipe multiprofissional. O empenho e compromisso da equipe com esse protocolo foi expresso em números: houve um aumento de cerca de 70% na adesão de avaliação de risco e mudança de decúbito, como destaca a nossa especialista, enfermeira estomaterapeuta e dermatológica com ênfase em feridas, Vanessa Pardauil, que coordena a Enfermagem do CTI e a nossa Comissão de Pele: “desde a atualização das estratégias preventivas, os resultados assistenciais têm mostrado evolução consistente. Observou-se ainda melhora expressiva na detecção precoce de áreas vulneráveis e maior uniformidade nos registros multiprofissionais. Esses avanços demonstram a efetividade das medidas implementadas e o fortalecimento da cultura de segurança do paciente”, comemora ela. Além da preparação e treinamento das equipes, o hospital incorporou recentemente tecnologias avançadas de prevenção de lesões por pressão, incluindo superfícies de redistribuição de pressão e espuma de multicamadas, como parte de sua estratégia institucional de segurança do paciente.

Vanessa Pardauil, coordenadora da Enfermagem do CTI e da nossa Comissão de Pele: “recentemente nosso hospital incorporou tecnologias avançadas de prevenção de lesões por pressão como parte de sua estratégia institucional de segurança do paciente”.

Vanessa explica que as lesões por pressão são danos localizados na pele e/ou tecidos subjacentes causados por pressão, cisalhamento ou fricção, geralmente em áreas com proeminências ósseas, como calcanhares ou quadris. “Podem ocorrer em pele íntegra ou como úlcera aberta e podem ser dolorosas. As lesões são causadas por pressão prolongada que interrompe o fluxo sanguíneo e podem ser agravadas por fatores como mobilidade reduzida, umidade e dispositivos médicos mal posicionados”, acrescenta. Em ambiente hospitalar, as lesões por pressão são consideradas um importante marcador da qualidade assistencial por serem, em grande parte, evitáveis. “Além disso, a ocorrência deste tipo de lesão reflete diretamente a efetividade da assistência e a segurança do paciente. É um indicador monitorado rigorosamente pelo hospital e por órgãos de saúde”, aponta ela.

O protocolo adotado no nosso hospital está baseado nas orientações emitidas pela National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP) e pela European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP), reunidas na diretriz internacional ‘Prevention and Treatment of Pressure Ulcers/Injuries: Clinical Practice Guideline’. “Fazemos a avaliação de risco por meio da aplicação de uma escala validada, a Escala de Braden, no momento da admissão do paciente. Essa avaliação é complementada pela inspeção clínica da pele e pela identificação de fatores agravantes, como mobilidade reduzida, incontinência, estado nutricional e comorbidades. Durante a internação, o risco é reavaliado em intervalos regulares ou sempre que houver mudança no estado clínico do paciente, garantindo atualização contínua do plano de prevenção e registro padronizado em prontuário”, explica nossa especialista.

As medidas rotineiras incluem ações como o reposicionamento periódico do paciente, conforme o risco personalizado, garantindo alívio da pressão sobre proeminências ósseas; higienização adequada e gerenciamento da umidade, prevenindo maceração e dermatites associadas à incontinência; mobilização e estímulo à atividade, sempre que possível, para melhorar perfusão e reduzir estase e acompanhamento nutricional, com monitoramento de ingestão, hidratação e suporte especializado quando necessário, entre outras. Vanessa alerta que pacientes críticos ou com mobilidade severamente reduzida requerem cuidados específicos. “Nestes casos, o controle é mais rigoroso”.

Equipe e paciente, unidos na prevenção

O trabalho de prevenção das lesões por pressão é conduzido de forma integrada pelas equipes multiprofissionais. A enfermagem realiza a avaliação de risco, o monitoramento da pele e as intervenções diretas de cuidado; a nutrição avalia o estado nutricional e implementa estratégias de suporte dietoterápico; a fisioterapia promove mobilização, adequação postural e melhora da perfusão tecidual e as demais equipes colaboram no manejo clínico, na redução de fatores agravantes e na educação contínua do paciente e familiares. “Essa atuação conjunta garante abordagem abrangente, contínua e eficaz na prevenção das lesões. Importante destacar que o hospital promove treinamentos periódicos voltados à atualização das práticas preventivas, padronização dos procedimentos e reconhecimento precoce de riscos. Esses treinamentos aprimoram a competência técnica da equipe, reduzem a variabilidade assistencial e favorecem a adesão às diretrizes institucionais, resultando em maior eficácia do protocolo e diminuição da incidência de lesões por pressão”, frisa Vanessa.

Vanessa lembra que o paciente e seus familiares desempenham papel relevante na prevenção das lesões por pressão. “Essa contribuição ocorre por meio da observância das orientações fornecidas pela equipe multiprofissional, colaborando com as mudanças de decúbito quando indicadas, comunicando prontamente qualquer desconforto ou alteração cutânea, auxiliando no cuidado com a higiene e manutenção da pele seca e incentivando a adequada ingestão hídrica e nutricional dentro das prescrições estabelecidas. Essa participação ativa fortalece a segurança do paciente e complementa as ações preventivas realizadas pela nossa instituição”, conclui a coordenadora da Comissão de Pele.