Com Priscila Gleice, enfermeira da CCIH

Você sabia que a água que sai de torneiras e chuveiros, especialmente aquela que circula por grandes tubulações, pode transmitir doenças? Mesmo recebendo o tratamento correto, o sistema hidráulico pode acumular bactérias que se proliferam e causam doenças. A principal delas é a Legionella, que se concentra nessas tubulações e pode ser inalada através de gotículas da água contaminada, afetando os pulmões e podendo provocar a Doença dos Legionários (pneumonia grave) e a Febre de Pontiac (sintomas semelhantes com os da gripe).

A situação ainda é mais perigosa quando se trata do ambiente hospitalar. Para prevenir o problema, o Hospital Badim implementou em seu novo prédio um sistema moderno de aquecimento da água que ajuda no combate a esse tipo de bactéria. Ainda na concepção do projeto da unidade, inaugurada em 2018, foi escolhido um sistema hidráulico de aquecimento da água da empresa italiana Caleffi, muito utilizado em hospitais e hotéis europeus.

Em períodos pré-programados durante o dia, uma válvula, que fica na central de aquecimento de água, é responsável por liberar um grande volume de água quente com temperatura entre 65 e 70 graus, bem superior à de consumo. Essa água circula no anel de distribuição, eliminando a possibilidade de proliferação da Legionella. As tubulações, em geral, conduzem água morna, entre 40 e 50 graus, e esse é o ambiente propício para a proliferação dessa bactéria.

Todo o sistema de água quente instalado no novo complexo é do mesmo fabricante e, além da válvula que abre a água aquecida em uma temperatura maior, há válvulas de segurança nos pontos de consumo que garantem que a água que sai das torneiras e chuveiros não exceda o limite programado e provoque queimaduras no consumidor. A água fica mais quente na tubulação, faz a desinfecção, mas chega na temperatura correta a quem vai usá-la.

Dessa maneira, todos os pontos com disponibilidade de água quente na unidade, como pias, chuveiros, escovatório do centro cirúrgico, áreas de preparação dos postos de enfermagem e de medicação, entre outros, contam com o sistema que garante mais segurança contra contaminação por Legionella.

Segundo a enfermeira da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Badim, Priscila Gleice, a iniciativa adotada ainda é um diferencial em unidades hospitalares brasileiras. “O que se vê na maioria dos hospitais é a análise da potabilidade da água, feita a cada seis meses. Esse cuidado preventivo para evitar a proliferação de bactérias não é comum”.

De acordo com Priscila, esse tipo de bactéria é muito recorrente em tubulações de água e pode causar problemas respiratórios graves, especialmente em uma pessoa que já esteja com a saúde debilitada. “Contrair a bactéria pode prolongar o tempo de internação, mas buscamos exatamente o oposto: que o paciente venha para tratar seu problema inicial, restabeleça sua saúde e receba alta o mais breve possível”.