Por José Badim, cirurgião plástico
O escalpelamento é um problema que passa despercebido para a maioria dos brasileiros. Isso porque, morando na cidade, poucos têm contato com o maquinário pesado utilizado pelos trabalhadores rurais na produção agrícola, ou com as embarcações em péssimas condições de segurança utilizadas pela população ribeirinha no seu dia a dia. Na maioria das vezes, a palavra é associada a estereótipos indígenas de filmes hollywoodianos, mas, infelizmente, esse ainda é um problema atual.
No dia 28 de agosto é celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção do Escalpelamento, data criada em 2010 para que haja maior conscientização sobre o papel do Estado e da sociedade no amparo às vítimas desse problema. O escalpelamento costumar ocorrer por causa do arrancamento brusco e acidental do escalpo em máquinas ou embarcações com motores de eixo giratório e que podem prender o cabelo, caso haja descuido.
Como primeiro médico a realizar um reimplante de couro cabeludo, em 1968, posso afirmar que essas pessoas precisam muito desse tipo de atenção, pois é uma experiência muito traumática. A iniciativa dos cirurgiões da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em realizar diversos mutirões para socorrer as vítimas desse problema deve ser aplaudida por toda a comunidade médica e também pela sociedade. Para o futuro, entretanto, vejo que a solução é uma atenção maior em relação às condições de trabalho e segurança, muito negligenciadas até mesmo nas grandes cidades.