A obesidade provocada pelo sedentarismo tem sido uma das maiores preocupações dos especialistas durante a pandemia do novo coronavírus. Essa relação é observada pela Federação Mundial de Obesidade, que recentemente emitiu um alerta para o aumento de peso em decorrência da falta de atividades físicas e maior procura por produtos industrializados em detrimento de frutas, verduras e legumes. A entidade destaca que esse tipo hábito por um período prolongado pode levar ao excesso de peso, que por sua vez tem como consequência às doenças metabólicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, que são frequentes em pacientes com a forma grave da Covid-19.

Com a inatividade nesse período de isolamento social, os especialistas da saúde têm chamado a atenção também para os efeitos da queda brusca nos níveis de condicionamento físico, que pode desencadear doenças crônicas. O estudo de um fabricante de monitores de aparelhos para a prática de atividade física, desenvolvido nos meses de março e junho com quatro milhões de usuários, revelou que o número médio de passos/dia durante a quarentena despencou em comparação com os mesmos períodos do ano anterior. Os pesquisadores descobriram ainda que nessa amostragem, composta de pessoas de diversas partes do mundo, os praticantes de exercício não conseguiram alcançar os níveis de atividade do ano passado, mesmo nos períodos em que o isolamento social foi afrouxado ou suspenso. A camada mais atingida pelo problema foi de jovens na faixa entre os 18 a 29 anos.

Outro estudo desenvolvido esse ano pela Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que quatro em cada dez pessoas engordaram durante a pandemia. Fora do Brasil, uma pesquisa liderada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Auditoria em Terapia Intensiva do Reino Unido revelou que sete em cada dez pacientes com o novo coronavírus em UTIs naqueles países são obesos.

Um levantamento divulgado recentemente pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel/2019), do Ministério da Saúde, aponta mais de 100 milhões de brasileiros com excesso de peso. Na série histórica da pesquisa, com início em 2006, o maior aumento registrado foi da obesidade, que saltou de 11,8% para 20,3% no ano passado. No quesito excesso de peso, 55,4% dos brasileiros estão nessa situação, tendo uma elevação ainda maior com a faixa etária: 30,4% para os jovens de 18 a 24 anos e 59,8% entre adultos com 65 anos ou mais.

A pandemia levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançar a campanha com a hashtag #HealthyAthome (#SaudávelEmcasa), enfatizando a relação da doença com o sedentarismo e, ao mesmo tempo, divulgando informações sobre exercícios simples e a quantidade de atividade necessária por diferentes faixas etárias.