Com Ricardo Brizzi, angiologista e cirurgião vascular
Mais de um milhão de pessoas morrem anualmente no mundo por problemas decorrentes de trombose. Juntamente com as outras doenças do aparelho circulatório, a trombose é a terceira causa de internações no Sistema Único de Saúde, de acordo com o relatório da Organização Pan-Americana de Saúde. O problema pode se tornar ainda mais grave durante a pandemia. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de São Paulo, os casos de trombose venosa, embolia pulmonar e urgências arteriais já aumentaram nos últimos meses e uma das causas pode ser a falta de acompanhamento médico nesse período.
A trombose está diretamente relacionada à falta de movimentação ao longo do dia. Um estudo das universidades americanas de Minnesota, Vermont e da Carolina do Norte divulgado em 2018 mostrou que passar muito tempo sentado vendo televisão, por exemplo, dobra o risco do tromboembolismo venoso. Aqueles que viam TV com frequência apresentaram uma probabilidade 71% maior de sofrer trombose do que quem quase nunca ligava o televisor.
“Esse é outro fator de risco que pode colaborar para o surgimento da trombose durante a pandemia, já que a doença tem relação com ficar muito tempo parado. Por isso, não podemos relaxar quanto aos hábitos saudáveis, mesmo na quarentena. Fazer exercícios físicos regularmente e pausas frequentes ao longo do dia para dar uma caminhada, mesmo que curta, pela casa ou pelo ambiente de trabalho, para estimular a circulação sanguínea, se alimentar bem e evitar álcool e cigarro são as melhores maneiras de prevenir o problema”, explica o angiologista e cirurgião vascular do Hospital Badim, Ricardo Brizzi.
Mas o que é a trombose?
A trombose é um coágulo que pode obstruir a circulação sanguínea. Quando o problema acontece nas artérias, há o bloqueio do sangue na região atingida. Mas nos casos em que obstrui uma veia, esse trombo pode se deslocar pelo organismo e se alojar no pulmão, causando embolia pulmonar e morte.
Gestantes, fumantes, quem usa anticoncepcional e/ou tem varizes tem mais chances de desenvolver trombose. O risco aumenta também durante viagens de avião. O problema é mais comum em pessoas entre 20 e 40 anos e nem sempre apresenta sintomas, mas pode ser que surja dor, inchaço e sensação de peso nas pernas e pés.
Se, além disso, você perceber aspecto pálido, arroxeado ou escurecido da pele dessa região e também queda de pelos e mudanças de temperatura local, é hora de procurar atendimento especializado.
